22 de ago. de 2010

Chanfana



Recentemente um amigo esteve viajando por Portugal e provou este prato. Segundo ele, um dos mais gostosos da viagem. Resolvi pesquisar, pois nunca tinha ouvido falar e obviamente testar para saber se é boa mesmo. E para não correr riscos, chamei o próprio para degustar com a gente e dizer se ao menos se parece com o que ele provou durante a viagem. Afinal, amigos são pra isso mesmo... Então vamos ao que interessa.

Esta receita é típica dos nossos patrícios bigodudos, mas precisamente da região da Beira Litoral. Originariamente é feita com carne de cabra/bode. Eu fiz com carne de cordeiro/carneiro, ora pois.

Tu vais precisaire de:
~ Aproximadamente 1,5kg de carne de cabra/bode/carneiro/cordeiro, cortada em pedaços de tamanho médio.
~ 130ml de azeite (português, vai)
~ Punhado de sal grosso
~ Colorau
~ 2 ou 3 cabeças de alho inteiras e sem neurônios
~ Folhas de louro
~ 1 Ramo de alecrim
~ Pimenta do reino para moer na hora
~ Uma garrafa de vinho tinto (português?)
~ Uma panela de barro

Como fazêire:
Esta receita só não é mais fácil do que preparar um pão com ovo.
Coloque os pedaços de carne de maneira organizada junto com as cabeças de alho inteiras, com casca e tudo. Rasgue umas folhas de louro, coloque por cima, jogue o sal grosso distribuído, sem excesso, por toda a panela assim como o colorau. Moa um pouco de pimenta do reino. Despeje o azeite lentamente por toda a panela, regando bem os pedaços de carne e as cabeças de alho. Para finalizar despeje uma garrafa de vinho inteira por sobre as carnes. Tampe e deixe marinando de um dia para outro. Em seguida, leve ao forno (isso mesmo. Ao forno!) na temperatura mais baixo que der (entre 140 e 160 graus). Deixe lá dentro e esqueça.
A previsão é que leve mais de 3 horas cozinhando lentamente. Para compartilhar com vocês a minha expectativa, resolvi escrever a receita neste “pequeno” intervalo.
Portanto, não sei bem como vai ficar. Mas prometo ir atualizando. Abaixo, a primeira foto é da organizaçao dos ingredientes. A segunda, tirei após 1 hora de forno, para ver como estava todo mundo.
Em breve atualizo com mais fotos.



Up Date:
Bom... ja adianto que não são três horas de cozimento...
Neste momento a Chanfana à Dorival Caymmi completa 5 horas de forno. A foto pode ser vista abaixo. Apesar da demora, o cozimento lento está deixando a carne bem macia e suculenta. Como irei servir somente amanhã a noite, irei manter mais uma hora no forno, somente então desligo o fogo e deixo a carne "descansando" até amanhã. Antes de servir, irei aquecer a penela, já no fogão, mas em fogo baixo.
Amanhã eu posto o "gran finale".



up date 2:
Depois de passar toda a segunda feira apurando, tirei a panela do forno e coloquei no fogão para finalmente servir a tão esperada chanfana. A carne estava super macia e soltando completamente. Enquanto esquentava em fogo baixo, preparei um arroz com macadamias e cozinhei algumas batatas bolinha.
Abri um bom vinho português e servi.
O prato realmente é uma delicia, de sabor bastante apurado e marcante. Abaixo a foto do resultado final e a cara dos provadores de plantão... apesar da demora vale muito a pena experimentar.
E como dizem os portugas quando se despedem: tchau!
Por "chef Di Menezes"

Resultado Final


Provadores de Plantão



Last Up Date

Hoje, dia 21/08 eu resolvi fazer novamente a Chanfana e inclusive atualizar a receita.
A primeira coisa que fiz, nesta segunda versão foi não usar cebola. Como o objetivo do cozimento lento é deixar um molho bastante grosso e quando usamos a cebola, junta muita "água". Então, estou testando sem cebola.

abaixo a foto dos ingredientes em plena marinada.


Depois de marinar, deixei-a no forno por 6 horas e meia, num cozimento lento. As carnes ficaram supermacias e o molho bastante encorpado. Aconselho que nas últimas três horas, você ponha as batatas pequenas, para que peguem o gosto do caldo. Se precisar acrescente mais vinho. Essa chanfana levou praticamente uma garrafa e meia de vinho tinto, para algo em torno de 2,5kg de carne.
Quando completar as 6h de forno, desligue e deixe a panela dentro do forno mesmo, para que vá esfriando lentamente, até o dia seguinte. Meia hora antes de servir, aqueça tudo, neste caso, direto no fogão mesmo. Desta vez fizemos também um arroz, só que com amêndoas, no lugar das macadâmias. Ficou delicia total.

O Gran Finale:
Está o final de tudo.



Espero que apreciem.

encerro novamente, como os portugas costumam se despedir dos amigos:
"au revoir" ou "до свидания"

by Adauto Menezes

9 comentários:

  1. Isso mesmo!! Falta agora corrigir o tamanho da foto...afff... vamos ter que fazer a política de postagem desse blog...rsrsrs

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  2. Celsinho das Itapororocas16 de março de 2010 às 01:03

    Rapaz, como incentivador e provador da receita, eu recomendo fortemente a Chanfana de Dautinho!
    Devo dizer que não participei do processo de produção, o que aliás, deve ter corroborado para o bom resultado, mas no final, estava excelente! Obrigado a Dautinho e parabéns!
    Abraços e Beijos a todos.

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  3. P.S. - Seo Luiz, em formatura se costuma servir croquete de camarão e empada... Cadê, vai ter não ???

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  4. Hoje almocei chanfana nas terra da verdadeira chafana Miranda do Corvo/Coimbra. Descobri o blog porque andava a tentar encontrar uma foto para mandar a um amigo.Vou deixar aqui a receita da minha família e que já vem de há séculos.


    ~ Aproximadamente 1,5kg de carne de cabra/bode velho cortada em pedaços de tamanho médio.
    ~ 130ml de azeite português de baixa acidez (4º)
    ~ 2 ou 3 cabeças de alho inteiras com as cascas mesmo. Retirar só as raízes
    ~ Folhas de louro
    ~ Uma garrafa de vinho tinto maduro português (um vinho do Dão é o recomendado)
    ~ Uma panela de barro (preto de preferência)

    Coloque os pedaços de carne de maneira organizada junto com as cabeças de alho lá metidas pelo meio. Faça o mesmo com as folhas de louro inteiras. Coloque por cima, jogue o sal grosso distribuído, sem excesso, por toda a panela Despeje o azeite lentamente por toda a panela, regando bem todos os ingredientes. Para finalizar despeje uma garrafa de vinho inteira por sobre as carnes de modo a que fiquem cobertas e ainda sobre um dedo por cima. Tape com uma tampa de um tacho ou folha de alumínio e coloque no forno de lenha na temperatura mais baixo que der (entre 140 e 160 graus). Deixe lá dentro e esqueça.
    A previsão é que leve mais de 6 horas cozinhando lentamente. Vá espreitando mais ou menos de 2 em 2 horas e se vir que está a ficar com pouco vinho vá acrescentando aos poucos de modo a que a carne nunca arrefeça. Há quem tenha um jarro de barro de vinho. coberto com folha de alumínio sempre ao lado do forno para ele ficar quente.
    Só está pronto para comer quando a carne se despega dos ossos, por isso se o bicho for mesmo muito velho pode precisar de mais horas. A minha avó coloca no forno por volta da meia-noite e de banha quando ela levanta ai pelas 7 é que tira. Mas ela põe por cima da carne 3 dedos de altura de vinho a mais.
    Esta receita também pode ser feita com borrego mas sempre velho. Nos açores fazem com alcatra.

    Nos comemos com batatas cozidas com a pele e à parte, isto é só com água e sal. No prato é que cobrimos com o caldo da chanfana.
    Também costumamos acompanhar com legumes cozidos: feijão-verde, grelos. O que houver nessa época. E claro sempre um bom vinho a acompanhar.

    Bom apetite e deliciem-se como eu me deliciei hoje, rsrsrs

    Cumprimentos.

    Bo

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  5. ~ Aproximadamente 1,5kg de carne de cabra/bode velho cortada em pedaços de tamanho médio.
    ~ 130ml de azeite português de baixa acidez (4º)
    ~ 2 ou 3 cabeças de alho inteiras com as cascas mesmo. Retirar só as raízes
    ~ Folhas de louro
    ~ Uma garrafa de vinho tinto maduro português (um vinho do Dão é o recomendado)
    ~ Uma panela de barro (preto de preferência)

    Coloque os pedaços de carne de maneira organizada junto com as cabeças de alho lá metidas pelo meio. Faça o mesmo com as folhas de louro inteiras. Coloque por cima, jogue o sal grosso distribuído, sem excesso, por toda a panela Despeje o azeite lentamente por toda a panela, regando bem todos os ingredientes. Para finalizar despeje uma garrafa de vinho inteira por sobre as carnes de modo a que fiquem cobertas e ainda sobre um dedo por cima. Tape com uma tampa de um tacho ou folha de alumínio e coloque no forno de lenha na temperatura mais baixo que der (entre 140 e 160 graus).

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  6. Deixe lá dentro e esqueça.
    A previsão é que leve mais de 6 horas cozinhando lentamente. Vá espreitando mais ou menos de 2 em 2 horas e se vir que está a ficar com pouco vinho vá acrescentando aos poucos de modo a que a carne nunca arrefeça. Há quem tenha um jarro de barro de vinho. coberto com folha de alumínio sempre ao lado do forno para ele ficar quente.
    Esta receita também pode ser feita com borrego mas sempre velho. Nos açores fazem com alcatra.

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  7. A minha avó poe sempre a cozer por volta da meia-noite e põe cerca de 3 dedos de vinho de altura por cima das carnes. De manhã quando levanta bem cedo, 7h vai logo ver. Com o forno apagado fica ai até à hora de comermos.
    Acompanhamos com batata cozida com pele só em água e sal. E também com legumes cozidos da época, grelos de couve, hoje foi com feijão verde. E claro sempre um bom vinho maduro português. Hoje foi um alentejano.
    Bom apetite. Deliciem-se como eu me delicio com este prato.
    Um abraço.

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  8. Depois de feita, a chanfana pode e deve ficar um dia, dois dias, três dias, uma semana até, coberta em seu molho. Depois, levar ao forno para aquecer, e comer. Experimente fazer isso, porque a chanfana melhora com o tempo depois de feita.

    Não tire a cebola, coloque pouca se quiser, mas não a tire, nem coloque as batatas. Se conseguir encontrar cabra VELHA, é o ideal (contudo não espere baixar as horas em forno, mas verá que o resultado é muito superior).

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