— Vamos a uma sururuzada, minha gente?
É o convite do alagoano a quem visita Maceió. Com umas cervejinhas "estupidamente geladas", o produto típico é orgulhosamente exibido em mesa de bar, à beira de lagoa. Em matéria de prato, nada melhor pra variar.
— Olha o sururu de capote... é a setecentos mil réis o quilo é a setecentos.
No mercado de Maceió, os gritos de vendedores de sururu se confundem. Mulheres e crianças anunciam com insistência a oferta do molusco.
É bom saber que há sururu de capote (ainda com a casca) e o dispinicado (já tratado, sem casca, pronto pra panela).
É o convite do alagoano a quem visita Maceió. Com umas cervejinhas "estupidamente geladas", o produto típico é orgulhosamente exibido em mesa de bar, à beira de lagoa. Em matéria de prato, nada melhor pra variar.
— Olha o sururu de capote... é a setecentos mil réis o quilo é a setecentos.
No mercado de Maceió, os gritos de vendedores de sururu se confundem. Mulheres e crianças anunciam com insistência a oferta do molusco.
É bom saber que há sururu de capote (ainda com a casca) e o dispinicado (já tratado, sem casca, pronto pra panela).
Família ilustre
Mytella falcata, molusco lamelibranquido da família dos militídeos, lembra algo muito importante pelo seu nome difícil, complicado demais para o pescador. Por isso chama apenas de sururu e nada mais. Orgulhosamente sururu, tipicamente sururu nordestino de Alagoas. Tem caracteres próprios que o diferenciam de seus parentes, como o mexilhão e o bergigão. Na linguagem científica, usada apenas pelos técnicos da Superintendência do Desenvolvimento da Pesca e outros estudiosos o sururu faz questão de assinar-se Mytilus mundanensis duartii (com dois is e seus respectivos pingos). Longe dos aspectos técnicos, é o simples e principal habitante da Lagoa Mundau, que banha a capital alagoana.
Mytella falcata, molusco lamelibranquido da família dos militídeos, lembra algo muito importante pelo seu nome difícil, complicado demais para o pescador. Por isso chama apenas de sururu e nada mais. Orgulhosamente sururu, tipicamente sururu nordestino de Alagoas. Tem caracteres próprios que o diferenciam de seus parentes, como o mexilhão e o bergigão. Na linguagem científica, usada apenas pelos técnicos da Superintendência do Desenvolvimento da Pesca e outros estudiosos o sururu faz questão de assinar-se Mytilus mundanensis duartii (com dois is e seus respectivos pingos). Longe dos aspectos técnicos, é o simples e principal habitante da Lagoa Mundau, que banha a capital alagoana.
Há notícias distantes de ter sido encontrado em outras regiões do país. Fala-se mesmo que, nos tempos da monarquia, tentaram sua aclimação na lagoa Rodrigo de Freitas, Rio de Janeiro.
O sururu prolifera nas partes mais rasas da lagoa, vive em colônia numerosas. Cresce, engorda e sobrevive de acordo com o teor de salinidade da água, que não deve ser nem muito doce, nem muito salgada. Ideal é entre 5 e 15%. Somente as águas da lagoa Mundau, oferecem essa condição. Por isso, ali habitam com grande abundância. É a espécie de maior volume de produção do estado.
Pescado à unha
Na exploração do sururu é desconhecido o mais insignificante processo moderno. Da pesca à distribuição, tudo se faz com muito primitivismo, como há cem anos. Aforas as canoas, tudo o mais independe de instrumentos. O trabalho começa antes do amanhecer.
Antes de surgir a madrugada, o pescador de sururu dirige-se, de canoa, ao ponto onde habita o molusco. Aproveita a maré baixa (a lagoa é ligada ao mar por um estreito canal) e inicia o ofício de cada dia. Mergulha repetidas vezes e retira da lama, com as próprias mãos, o sururu de capote. Pouco a pouco enche a canoa. Volta à praia para a lavagem.
Poesia e miséria
Pela madrugada, quando saiu de casa, a mulher e os filhos ficaram entregues à tarefa de dispinicamento do molusco.
A pesca prolonga-se até meio dia. Durante a tarde durante a secagem do produto e à noite, todos se dedicam à fervura do molusco.
De geração em geração, do vovô ao netinho, a cena se repete: lagoa Mundaú, povoada de canoas pela madrugada de pesca, fervura e despinicamento, e venda do produto.
Sobre canoas de nomes estranhos — Palavira, Caatinga, Espalhado e outras — persiste uma civilização curiosa, diferente pelos extremos que a caracterizam: a beleza da rica paisagem e a subnutrição dos filhos, a família grudada ao incessante ritual de miséria pela sobrevivência. Nascem, crescem e morrem encerrados no mesmo ciclo do comer-para-viver e do trabalhar-para-comer.
O sururu prolifera nas partes mais rasas da lagoa, vive em colônia numerosas. Cresce, engorda e sobrevive de acordo com o teor de salinidade da água, que não deve ser nem muito doce, nem muito salgada. Ideal é entre 5 e 15%. Somente as águas da lagoa Mundau, oferecem essa condição. Por isso, ali habitam com grande abundância. É a espécie de maior volume de produção do estado.
Pescado à unha
Na exploração do sururu é desconhecido o mais insignificante processo moderno. Da pesca à distribuição, tudo se faz com muito primitivismo, como há cem anos. Aforas as canoas, tudo o mais independe de instrumentos. O trabalho começa antes do amanhecer.
Antes de surgir a madrugada, o pescador de sururu dirige-se, de canoa, ao ponto onde habita o molusco. Aproveita a maré baixa (a lagoa é ligada ao mar por um estreito canal) e inicia o ofício de cada dia. Mergulha repetidas vezes e retira da lama, com as próprias mãos, o sururu de capote. Pouco a pouco enche a canoa. Volta à praia para a lavagem.
Poesia e miséria
Pela madrugada, quando saiu de casa, a mulher e os filhos ficaram entregues à tarefa de dispinicamento do molusco.
A pesca prolonga-se até meio dia. Durante a tarde durante a secagem do produto e à noite, todos se dedicam à fervura do molusco.
De geração em geração, do vovô ao netinho, a cena se repete: lagoa Mundaú, povoada de canoas pela madrugada de pesca, fervura e despinicamento, e venda do produto.
Sobre canoas de nomes estranhos — Palavira, Caatinga, Espalhado e outras — persiste uma civilização curiosa, diferente pelos extremos que a caracterizam: a beleza da rica paisagem e a subnutrição dos filhos, a família grudada ao incessante ritual de miséria pela sobrevivência. Nascem, crescem e morrem encerrados no mesmo ciclo do comer-para-viver e do trabalhar-para-comer.
Sururu ao leite de côco
(para 2 pessoas famintas ou 4 pessoas com fastio)
(para 2 pessoas famintas ou 4 pessoas com fastio)
Ingredientes:
1kg de sururu dispinicado
1kg de sururu dispinicado
2 cebolas médias
2 dentes de alhos
3 tomates maduros
1 maço de cheiro-verde (mas o do nordeste, que é cebolinha + coentro)
500ml de leite de coco (o da Socôco é o melhor)
Sal
Pimenta de cheiro
Pimenta de cheiro
Pimenta malagueta
Azeite
Modo de fazer:
Corte o alho e a cebola bem pequenininhos e reserve.
Corte os tomates em cubos e pique o cheiro-verde.
Leve uma panela funda ao fogo médio, acrescente azeite suficiente para cobrir o fundo da panela. Coloque a cebola, e quando ela estiver transparente, baixe o fogo e acrescente o alho até a refoga dourar.
Pegue 1 pimenta malagueta, tire as sementes, lave-a e pique bem pequenininho. Pegue umas duas ou três pimentas de cheiro e pique bem pequenininho também.
Acrescente as pimentas à refoga.
Pegue 1 pimenta malagueta, tire as sementes, lave-a e pique bem pequenininho. Pegue umas duas ou três pimentas de cheiro e pique bem pequenininho também.
Acrescente as pimentas à refoga.
Vá mexendo para elas soltarem bem o sabor.
Acrescente então o sururu dispinicado.
Você deve estar se perguntando onde poderá encontrar esta especiaria, não é?
Bem...talvez, eu disse talvez, tenha no mercadão municipal aqui em São Paulo.
Mas se não tiver, aproveita um final de semana desses, compra passagem na promoção da Gol, e dá um pulinho lá no mercado de Maceió. Lá você vai achar.
Voltando à receita...
Acrescente o sururu dispinicado e espere que ele começe a soltar um pouquinho d'água. Assim que isso começar a acontecer, acrescente 2/3 dos tomates em cubinhos e 2/3 do cheiro-verde picadinho.
O sururu vai começar a tomar gosto da refoga, do tomate, do cheiro-verde, das pimentas...
Aí é a hora de você acrescentar o sal a gosto. Vá experimentando até que o sal tenha conseguido realçar o sabor do sururu.
Depois de uns 15 minutos em fogo baixo, o sururu estará cozido.
Você pode acrescentar então o leite de coco da Socôco, e aquele 1/3 de tomate e o 1/3 de cheiro-verde que tinha ficado reservado.
Depois disso, acerte o sal.
Para acompanhar, sugiro farinha.
Pode ser da grossa, da fina, se não tem da quebradinha, vá na vizinha pegar!
Você deve estar se perguntando onde poderá encontrar esta especiaria, não é?
Bem...talvez, eu disse talvez, tenha no mercadão municipal aqui em São Paulo.
Mas se não tiver, aproveita um final de semana desses, compra passagem na promoção da Gol, e dá um pulinho lá no mercado de Maceió. Lá você vai achar.
Voltando à receita...
Acrescente o sururu dispinicado e espere que ele começe a soltar um pouquinho d'água. Assim que isso começar a acontecer, acrescente 2/3 dos tomates em cubinhos e 2/3 do cheiro-verde picadinho.
O sururu vai começar a tomar gosto da refoga, do tomate, do cheiro-verde, das pimentas...
Aí é a hora de você acrescentar o sal a gosto. Vá experimentando até que o sal tenha conseguido realçar o sabor do sururu.
Depois de uns 15 minutos em fogo baixo, o sururu estará cozido.
Você pode acrescentar então o leite de coco da Socôco, e aquele 1/3 de tomate e o 1/3 de cheiro-verde que tinha ficado reservado.
Depois disso, acerte o sal.
Para acompanhar, sugiro farinha.
Pode ser da grossa, da fina, se não tem da quebradinha, vá na vizinha pegar!
Bom apetite!
(o texto inicial é de autoria do Tobias Granja. Jornalista e alagoano)
e agora Luiz André de Carvalho? Fosse mexer com os brios de uma alagoana arretada, agora taí... desceu a ripa na receita! Eu dô duvida tu conseguir superar! Vai tirar gracinha pra ver.
ResponderExcluirClarinha é delicada mas sabe fazer comida que faz volume (pra não dizer outra coisa), rapaz!
Ainda bem que eu nao tirei gracinha com ela. Senão tava até agora me tremeno dibaixo da cama! Vomimbora pra Bahia e sábado eu volto, cheio coragem de publicar uma receita...
Pense que a menina ficou ofendida. Botou pra lascar (coisa de artista).
ResponderExcluirVamos ter que mostrar a ela a nossa receita R1256.
Clarinha querida, pra você que não conhece essa é a nossa receita número 1.256 do livro "Receitas Pernambucanas....aguarde que o caldo vai engrossar e olha que ele não desunera.